google.com, pub-5297207495539601, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Vila Espanca: Hospital sob investigação por discriminar seropositiva

Hospital sob investigação por discriminar seropositiva

A Inspecção-geral das Actividades em Saúde (IGAS) está a investigar uma denúncia de discriminação de uma doente seropositiva e portadora de hepatite C durante um internamento no Hospital Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira.


O processo de inquérito foi instaurado a 6 de Dezembro. M. J., 38 anos, questiona terem-lhe dado talheres descartáveis em todas refeições, o facto de alguns auxiliares terem usado mais do que um par de luvas quando a assistiam e de, em mês e meio de internamento, só ter tido uma companheira de quarto, quando havia mais duas camas livres.

Casos como este não são inéditos na IGAS, mas são raros. Este é o primeiro interposto com o apoio jurídico do centro antidiscriminação lançado este ano pela Ser+ (Associação Portuguesa para a Prevenção e Desafio à Sida) e pelo GAT (Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos de VIH/sida). Desde Fevereiro receberam 30 denúncias, a maioria relacionada com profissionais de saúde. M.J., foi a primeira a avançar para uma queixa formal. Ao i diz que o caso é para levar até ao fim. "Temos de começar a fazer qualquer coisa. Conheço casos tão graves ou até piores do que o meu, mas as pessoas não falam. Umas por receio, outras porque são situações difíceis de provar." A investigação em curso na IGAS poderá ter três desfechos: o arquivamento - caso as justificações do hospital sejam satisfatórias - um procedimento disciplinar ou recomendações ao corpo clínico, para prevenir situações futuras.

O caso A 22 de Agosto M. J. sofre um acidente de viação que a deixa em risco de vida. Dá entrada no Hospital de São José, em Lisboa, com um traumatismo craniano, duas costelas partidas e fracturas expostas no fémur e na tíbia. É operada de urgência nesse domingo e fica nos cuidados intensivos até quinta-feira, quando é transferida para o serviço de Ortopedia do Hospital Reynaldo dos Santos, na sua área de residência. Ficaria internada durante mês e meio.

"Como estava medicada com morfina lembro-me muito pouco dos primeiros dias", conta M.J. Logo que recuperou a consciência, começou aperceber-se de sinais errados. Ela e o filho, de 14 anos. "Um dia perguntou-me porque é que o auxiliar tinha posto dois pares de luvas para mexer numa arrastadeira." Os talheres descartáveis também foram uma surpresa - mesmo para quem está habituada a esperar até ao final da lista de pacientes no atendimento hospitalar, como já voltou a acontecer quando foi retirar uma prótese da perna ao Hospital da Luz. "Se é por medo de infecção, sou a primeira vítima: uma gripe que apanhe pode matar-me. Por outro lado, questiono que tipo de limpeza será feita depois de cada intervenção."

Numa das refeições no Hospital de Reynaldo dos Santos, o marido apanhou uma folha de serviço da cozinha deixada no quarto e viu que M. J. era a única com a indicação de louça descartável. "Além de ser discriminatório, violaram o meu direito de confidencialidade. Todas as pessoas, da cozinha aos auxiliares, ficaram a saber que tinha uma doença infecciosa." Todos, menos a colega do quarto, que um dia questionou porque é que, com o serviço de Ortopedia lotado, as duas outras camas do quarto nunca foram ocupadas. "Enquanto lá estive, nunca disse nada. Estava à mercê deles", justifica. Outra coisa que não questionou foi nunca lhe terem sido administrados anti-retrovirais. "Disseram-me que o hospital não tinha infecciologista", justifica. A medicação era-lhe trazida todos os dias pelo marido, de casa.

Ana Alcazar, directora clínica do Hospital de Reynaldo dos Santos, assegurou ontem ao i não ter havido qualquer situação de discriminação durante o internamento da paciente. "O hospital teve os comportamentos adequados perante um doente do foro infeccioso." Numa carta enviada a M.J., a responsável informa "não existir qualquer documento com instruções para que as refeições sejam servidas em louça descartável a doentes com VIH/sida."

A folha de serviço, a que o i teve acesso, não explicita a condição da doente mas refere a indicação de louça descartável. Ana Alcazar adianta que há doentes que até a preferem e não vê nessa rubrica uma situação de discriminação. Quanto às camas vagas, esclarece que se não foram ocupadas foi por não haver necessidade. "Temos poucas camas e até costumamos colocar doentes de outros serviços em Ortopedia. Não me posso dar ao luxo de deixar camas vagas."

Fonte: IOnline

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