google.com, pub-5297207495539601, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Vila Espanca: Zé dos Coiratos

Zé dos Coiratos

Atravessando um corredor estreito e fundo, não muito longe da estação de caminhos-de-ferro, entramos numa taberna à portuguesa "com certeza".Um balcão, que se estende por nove metros, pipas de vinho, cartazes da festa brava e símbolos do Sport Lisboa e Benfica - a revelar a preferência futebolística do proprietário.Como decoração mais um churrasco para assar coiratos (coiro do porco) e bucho (estômago do porco), dois empregados e um patrão fazem as necessidades da casa, onde até hoje nenhuma televisão se ligou nem nenhuma máquina de tirar imperiais ou cafés deu o ar da sua graça.
Por um euro faz-se fila para ter a sandes de coirato assado.E é assim há décadas.Noutros tempos, saboreava-se as afamadas sandes por três escudos e o copo de vinho por dez tostões.Hoje, ao balcão, fala-se de toiros.E é dia de feira de Outubro.Senão falar-se-ia de futebol ou das banalidades do quotidiano.Nós falamos da Casa dos Coiratos que está na posse da família Monteiro para lá de 40 anos.
A carne de porco que se serve vem de um matadouro da Póvoa da Galiza, o pão de uma padaria do Porto Alto e o vinho chega do Cartaxo."Os clientes dizem que é o melhor", garante António Monteiro, o "patrão", como lhe chamam simpaticamente na taberna.
Sinais de modernidade são poucos.Fizeram-se obras recentes para as coisas andarem na ordem da lei."Nunca pensei modernizar o espaço porque se gasta muito dinheiro.É uma despesa muito grande e o dinheiro não dá para tudo", conta.Fiado, só aos clientes que sabe que lhe pagam.E se lhe perguntarem se gosta do que faz responde prontamente:"se gosto de ser taberneiro?Gosto, mas podia ser melhor se as pessoas se soubessem comportar.Aqui atura-se muita coisa", conta quem é obrigado a impor-se assim que a zaragata surge por obra dos maus vinhos.
A Casa dos Coiratos passou de pai para filho e mesmo antes disso já servia de taberna aos vila-franquenses.Abre todos os dias , menos domingos e feriados, das 9h00 às 20h30 e hoje é uma referência na cidade.No entanto, a descendência deve ficar por aqui.É que as filhas de António Monteiro, filho de Gabriel Monteiro, já andam a estudar para seguirem outras vocações.Como a psicologia por exemplo.Mas o proprietário não esconde o desejo:"gostava que daqui a 20 anos isto continuasse igualzinho.As pessoas só vêm aqui porque gostam disto tal qual como está.É tradicional."



Além do azafamado balcão, distribuem-se pelo espaço algumas mesas.São rectangulares e salpicam-se de migalhas a que se juntam alguns pingos bordeaux do néctar cartaxense.À volta delas sentam-se amigos, compadres, camaradas.Homens e mulheres.Engenheiros, médicos, domésticas e reformados.Por aqui já se sentou gente ilustre da política e dos toiros."Quanto servíamos almoços à presidente (Maria da Luz Rosinha) costumava vir aqui almoçar e ainda vem cá muita gente ligada às touradas", salienta Manuel Monteiro.E há até quem chegue a vir do estrangeiro, recomendado por amigos, de propósito à Casa dos Coiratos.
São todos fiéis de um bom coirato, de um bom copo de tinto e da boa disposição de quem os recebe."O patrão é muito boa pessoa", conta Joaquim Leote, 70 anos, que frequenta o espaço há mais de 20.Nunca trouxe a esposa à taberna dos coiratos, mas ele não falha uma semana.Também para José Mirante, engenheiro agrícola de Azambuja, vir ao estabelecimento de Manuel Monteiro é quase um ritual.Diz que frequenta a casa dos coiratos porque aqui encontra sempre gente amiga com quem acaba sempre por "tertuliar" bastante.
"Fala-se de tudo, trabalho, meninas, futebol, toiros", interrompe um outro parceiro, José Manuel Rosa, 43 anos, de Vila Franca de Xira."Sim, isto é um ponto de encontro para todos nós", acrescenta José Mirante."Além disso a tradição dos coiratos está a acabar, é muito difícil encontrá-los à venda noutro sítio e isso também nos desperta para vir cá", explica.Argumento partilhado por Idalina Silva, 35 anos, que frequenta a casa há menos tempo do que a conhece."Desde miúda que sempre ouvi falar nesta casa, mas frequento desde que comecei a trabalhar", conta.Nunca se sentiu discriminada por ser mulher e frequentar uma taberna.Costuma aqui vir sempre acompanhada por colegas ou amigas."Venho sempre que me apetece saborear um bom coirato.São os melhores daqui.Mas também é verdade que já não se fazem em muitos lugares.", discorre."Esta tasca é melhor do que muitos bons cafés que aí existem", garante.

in O Mirante

4 comentários:

Anónimo disse...

pra mim é uma mista sff!

Anónimo disse...

E um penalty dos grandes!!!

Anónimo disse...

ah... já agora arranje aí outra mista e um tinto do bom =D

Anónimo disse...

SAO DUAS E 1 TINTO DOS GRANDES!!- O TUNEL É UM TEMPLO!..

 

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