Mário Coelho diz que vereadores da cultura foram incompetentes

O toureiro Mário Coelho não entende a razão pela qual a tauromaquia é tratada à parte do resto da cultura de Vila Franca de Xira e critica duramente os vários vereadores que estiveram à frente do pelouro desde 2001. “As pessoas responsáveis pela parte cultural não foram competentes quando ocuparam esses cargos tão importantes. São pessoas que não têm o carácter de dizer que não gostam de toiros. Agora não podem é incutir no espírito de outros de que não devem gostar”, acusa o maestro.

O novo vereador da Cultura, João de Carvalho, foi convidado para entregar, em nome Casa Museu Mário Coelho, uma placa à tertúlia “A Mexicana” (Lisboa) na pessoa de Onelia Antunes, por ser a visitante número 10 mil da do espaço cultural situado na Travessa dos Maiorais em Vila Franca de Xira.

Mário Coelho congratulou-se pelo facto de João de Carvalho ter sido o primeiro vereador da cultura a visitar a “sua” casa museu, uma vez que até quinta-feira, 5 de Novembro, dos anteriores “nenhum se dignou a entrar no espaço que é único no país e dos mais visitados da nossa terra”, disse o matador de toiros.

Em oito anos a Casa Museu Mário Coelho recebeu 10 mil visitantes, o que muito orgulha e honra o toureiro, sendo na sua maioria adultos e aficionados. “Há outros espaços mais importantes na cidade que têm menos visitantes. E não temos publicidade nem o apoio das escolas”, salienta Mário Coelho.

No que diz respeito aos mais novos o toureiro deixa mais recados ao executivo. “A câmara organiza iniciativas com grupos de crianças que passam aqui à frente e não entram. Vão visitar outros locais. Todos os dias vêm aqui miúdos tocar nas cabeças dos toiros mas pedem para não se dizer nada às professoras”, relata.

O toureiro defende a ideia de que a autarquia, apesar do apoio prestado em termos de manter um funcionário e de ajudar nas despesas correntes, tem feito pouco em prol da casa museu. “Nunca poderei estar de acordo com o facto de o museu estar fechado durante o Colete Encarnado, na Semana Cultural Taurina ou na Feira Anual de Outubro. Só abria dois ou três dias por semana. Nos locais de turismo da câmara não há folhetos da casa museu. A casa é divulgada sim, mas pelos jornais, televisões e pelas próprias pessoas que passam a palavra”, confessa Mário Coelho que deixa ainda uma crítica mais forte. “Ao nível dos responsáveis políticos muitas vezes evitam que a casa museu seja notícia e mais conhecida. Mas são as pessoas que nós temos”, lamenta o maestro.

A parceria estabelecida entre a câmara municipal, a Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira e o próprio toureiro, permitiu, em Outubro de 2001, a abertura de um espaço onde as fotografias, os troféus, os trajes de “luces” e um vasto espólio de peças imortalizam uma parte indissociável da história da tauromaquia.

Ciclos de conferências parados

Os ciclos de conferências que a Casa Museu Mário Coelho organizou durante algum tempo estão neste momento parados. As razões são simples. “ Em alguns momentos os responsáveis pela autarquia faziam boicotes para não estarem presentes e evitavam mesmo que outras pessoas estivessem. Nunca senti apoio por parte da câmara e muito menos do pelouro da cultura”, acusa o maestro.

Nomes como os ex presidentes da República Mário Soares e Jorge Sampaio, Manuel Alegre ou Agustina Bessa Luís foram alguns dos ilustres convidados que passaram pela Casa Museu Mário Coelho que chegou a juntar várias dezenas de pessoas.

“Vou fazer a diferença”

Para o novo vereador da cultura de Vila Franca de Xira esta foi a primeira aparição pública depois de no dia anterior ter sido oficialmente empossado nas novas funções. Mas o Museu do Neo-Realismo e a parte tauromáquica ficam sob a alçada da presidente Maria da Luz Rosinha.

João de Carvalho é aficionado e diz que teve “muito prazer” em ter estado na Casa Museu Mário Coelho demarcando-se dos anteriores vereadores que nunca visitaram o espaço.

Sobre a cultura de Vila Franca de Xira em geral o autarca vai mais longe. “Primeiro que tudo sou um homem de cultura antes de ser vereador. Penso que irei fazer a diferença. Não sei se para melhor ou pior. Mas vamos à procura das verdadeiras tradições e entidades do concelho e potencia-las”, vaticina João de Carvalho.

Fonte: O Mirante