"Os bombeiros não devem fazer serviço de táxis"
O comandante dos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira, António Pedro, defende que as corporações têm que adaptar-se às novas realidades. Depois de ter sido homenageado pelos “Bombeiros da Amizade” o operacional revela que há cada vez menos voluntários e acredita que o futuro dos bombeiros passa pela semi-profissionalização. Os soldados da paz só deveriam fazer emergências e não “serviço de táxi”. Confessa que há crispação entre a administração do hospital e as corporações do concelho e uma “guerra surda” nos quartéis.
Qual é a sua posição sobre o transporte de doentes efectuado pelos bombeiros?
Não me debruço muito sobre isso nem me imiscuo nesse tipo de negociações. Está a ser tratado a nível da direcção com as entidades competentes. Mas a minha opinião é a de que os bombeiros, que têm formação para a emergência e outro tipo de ocorrências, andam a fazer um serviço de transporte de táxis, que pode ser feito por empresas próprias criadas para o efeito. Não concordo que se estejam a ocupar vários elementos durante o dia para transportar pessoas para a fisioterapia, hemodiálise que ficam horas à espera dentro da ambulância. Os bombeiros deviam fazer só emergências.
Estão a desperdiçar-se recursos?
Sem dúvida. Depois não temos bombeiros para fazer emergência. Estamos a utilizar recursos de voluntários o que neste momento não faz sentido. Os voluntários são cada vez menos e as ocupações profissionais são cada vez mais. Trabalham mais horas e fins-de-semana para conseguirem ter ordenados que sustentem a família. Sobra menos tempo para se dedicarem à corporação e muitas vezes têm de faltar aos turnos no quartel. Deveria de haver um complemento para o voluntariado que não há.
É uma nova realidade?
As corporações têm mesmo que adaptar-se às novas realidades. Mas a população de Vila Franca de Xira também têm de perceber que os bombeiros não podem acudir a todos os pedidos de transporte. Por exemplo, nesta altura natalícia, querem que os bombeiros façam o transporte dos idosos de um lado para o outro. Temos de assumir um compromisso quando não devíamos ser nós a assumir. Enquanto associação humanitária temos o dever moral de colaborar. Mas depois estamos a faltar aos serviços onde fazemos falta. O futuro tem que passar por ter bombeiros preparados, em termos de equipamentos e pessoal, para saírem ao minuto e prestar auxílio a uma emergência, seja de que tipo for. Continua a existir na mentalidade das pessoas que os bombeiros têm de estar em todo o lado. E não pode ser. A mentalidade dos bombeiros também se alterou. São menos voluntários porque tudo isto evoluiu e toda a gente quer ganhar dinheiro. Os bombeiros não podem continuar a ser os parentes pobres. Tenho meses de solicitações de pedidos de ambulâncias e piquete a custo zero para várias festas. Fazemos tudo de borla e ninguém nos dá nada.
Leia a entrevista completa na edição semanal de O MIRANTE que sai à quinta-feira.
FONTE: Jornal "O Mirante"
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