Uma guerra de família e dos interesses. É o breve resumo da Batalha que neste 20 de Maio, mas de 1449, marcou a Alfarrobeira, actual Vialonga/Alverca. As margens do ribeiro com o mesmo nome foram o primeiro sepulcro do Infante D. Pedro. Sucumbiu naquele dia, após um breve e “injusto” combate. Mas recuamos no tempo para historiar esta luta política, pré Idade Moderna.
Em 1438, morria D. Duarte. O seu filho, D. Afonso V, era menor, o que levou a sua mãe, D. Leonor a assumir o trono, interinamente, a pedido do antigo rei. Mas, apenas um ano depois, D. Pedro, irmão de D. Duarte, saiu regente das Cortes, exilando a viúva rainha e “adepta de nuestros hermanos” em Castela.
Quando D. Afonso V atingiu os 14 anos (maioridade na época), o governo passou para as suas mãos, nas Cortes de Lisboa de 1446, ficando D. Pedro a auxiliá-lo. No entanto, a facção contrária, encabeçada pelo duque de Bragança, pelo conde de Ourém e pelo arcebispo de Lisboa, intensificou as intrigas contra o ex-rei regente. Resultado: volvidos apenas 2 anos, o monarca dispensou os serviços do tio.
Este retira-se para as suas terras de Coimbra. Apesar da distância geográfica, as manobras sobem de tom. O triunvirato insinua junto do rei que D. Pedro queria apoderar-se da coroa, acusando-o ainda de ter mandado envenenar a cunhada, a rainha D. Leonor.
Ainda neste ano de 1448, eventualmente para esclarecer estas tricas, D. Afonso V pede ao duque de Bragança que desça do Nordeste rumo a Lisboa, escoltado, pois teria de atravessar o ducado de Coimbra. O que acontece na Páscoa do ano seguinte. Mas ao chegar ao centro do país, foi impedido de passar com escolta pelo Infante D. Pedro, o que considerou um insulto.
Decide contornar estas terras e já na capital queixa-se ao rei. Rebelde e desleal ao sobrinho são os próximos títulos de D. Pedro. O cheiro da guerra intensifica-se. Tudo porque o infante (D. Pedro) de cide também ele ir a Lisboa, afim de se justificar, pessoalmente. No entanto, ao chegar à Alfarrobeira, escoltado por 3500 homens, encontra 16 mil soldados de D. Afonso V. A luta foi obviamente breve e dela resultou a sua morte.
Apenas à noite o cadáver do Infante foi recolhido para uma casa, onde esteve três dias. E só em 1455, D. Pedro foi sepultado no Mosteiro da Batalha, por ordem da sua filha D. Isabel, ironicamente casada com D. Afonso V.
Reprovada pelas cortes estrangeiras, sem excepção, a Batalha de Alfarrobeira marcou a vida política de Portugal, ao ditar a vitória da facção palaciana e senhorial e a derrota da centralização régia, que só triunfaria com D. João II. Editado por Joana Costa.
Dos 67 castelos que existiam no reino, apenas os castelos que pertenciam ao Ducado de Coimbra (Coimbra, Lousã, Montemor-o-Velho e Penela) se encontravam sob a alçada do Infante D. Pedro. Portanto, o maior número de castelos guardava obediência ao rei D. Afonso V.
D. Afonso V, permaneceu em Santarém durante os primeiros 15 dias de Maio. D. Pedro, Duque de Coimbra, sai desta cidade a 5 de Maio, embora o grosso da coluna militar tenha começado a digressão no dia anterior. D. Pedro dirigiu-se para o Mosteiro de Alcobaça, onde chegou entre os dias 9 e 10 de Maio. No dia 11 de Maio D. Pedro atingiu Rio Maior e por aqui ficou entre 3 a 4 dias.
O ex-regente foi aconselhado a não prosseguir caminho para Lisboa e a voltar para Coimbra. No entanto não seguiu o conselho e decidiu partir sobre Lisboa, a primeira cidade do reino. D. Afonso V, saiu de Santarém, em perseguição do Infante, no dia 16 de Maio. No dia 18 de Maio, D. Pedro desistiu de avançar sobre Lisboa, pois começaram a haver deserções na sua hoste e recebeu informações de que Lisboa se encontrava bem defendida e os seus habitantes irados contra ele. Estabeleceu-se assim em Alfarrobeira.
A 20 de Maio dá-se o confronto entre as duas tropas e apesar de ter durado apenas hora e meia, houve muitos mortos e feridos. O Infante D. Pedro acabou morto. Permaneceram todos em Alfarrobeira pelo espaço de 3 dias e 3 noites, cumprindo uma formalidade daquela época.
O corpo do Infante foi sepultado na Igreja de Alverca e o rei seguiu para Lisboa. Actualmente o corpo de D. Pedro encontra-se sepultado no Mosteiro da Batalha, ao lado de sua esposa, D. Isabel de Aragão.
Fonte: Cidadedealverca.com
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