António Oliveira das Neves, um dos coordenadores do Plano Estratégico do concelho de Vila Franca de Xira apresentado em 2003, considera que desde essa altura não se conseguiu implementar algumas ideias do documento e o concelho perdeu várias oportunidades, sobretudo económicas, de requalificação de recursos humanos e de integração regional e nacional. Para o também presidente do Instituto de Estudos Sociais e Económicos, que falava na conferência sobre oportunidades económicas para o concelho, Vila Franca de Xira tem hoje uma imagem desoladora, de edifícios industriais ao abandono e dificuldade em atrair investimentos devido à ausência de áreas de localização empresarial qualificadas.
Apesar da pressão política municipal, referiu, o concelho viu empresas deslocalizarem-se para outros territórios, não se afirmou como centro de negócios, devido à desqualificação do território, e “faltou também criar um gabinete de apoio ao investidor com dotação de meios para trabalhar”. Na conferência promovida no dia 7 pela Associação Empresarial da Região de Lisboa (AERLIS), que teve a participação de grande número de empresários no auditório da Sociedade Filarmónica Alverquense, Oliveira das Neves reconheceu que as limitações impostas ao ordenamento do território contribuíram para que não se alcançasse o desenvolvimento desejado e impediram o concelho de receber investimento exterior.
Como apostas para o futuro indicou o desenvolvimento agro-alimentar em freguesias rurais e na Lezíria, sem esquecer a faceta do aproveitamento dos recursos naturais para o turismo, comércio e indústria criativa de animação. A reabilitação urbana e a economia social foram outros caminhos apontados. “Cabe ao município assegurar padrões de qualidade de vida em áreas como a educação, saúde, mobilidade e qualidade paisagística ribeirinha, o que tem sido feito”, referiu ainda António Oliveira das Neves.
A presidente da Câmara da Vila Franca Xira disse que o aumento do IVA na restauração é um erro crasso que prejudica o concelho com o encerramento de empresas. Maria da Luz Rosinha salientou a importância da reabilitação industrial e urbana e disse que o município tem feito o possível para facilitar o investimento no concelho. “Temos áreas de desenvolvimento económico. A plataforma logística de Lisboa Norte, na Castanheira do Ribatejo, é bem um exemplo de como os procedimentos condenaram um negócio que podia estar instalado antes de a crise ter chegado. Se os processos se arrastam, e também nas câmaras municipais, o negócio já perdeu a oportunidade”, comentou a O MIRANTE.
Maria da Luz Rosinha afirmou ainda ser imprescindível mais celeridade na justiça e deu como exemplo o processo que a autarquia tem contra o Estado por ter concedido benefícios fiscais na ordem de quatro milhões de euros à Central de Cervejas em Vialonga, sem ter compensado a câmara. Para o presidente da Associação Empresarial dos Concelhos de Vila Franca de Xira e Arruda dos Vinhos (ACIS), Carlos Monteiro, o futuro da economia local depende da revalorização das cidades e da atitude de empresários e consumidores de apostarem no que é local.
Em representação da Associação de Dinamização Empresarial (ADINE), Vítor Silva defendeu que a chave da saída da crise são as “novas ideias e o empreendedorismo” e a criação de áreas empresariais delimitadas, com infraestruturas e licenciamentos céleres. Na plateia, o presidente do Rotary Clube de Vila Franca de Xira, Henrique Levezinho, afirmou que o concelho perdeu a oportunidade de se juntar à Lezíria do Tejo para efeitos de fundos comunitários tendo ficado prejudicado ao continuar na área de Lisboa e Vale do Tejo.
Fonte: O Mirante
Foto: Sónia Coelho
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