google.com, pub-5297207495539601, DIRECT, f08c47fec0942fa0 Vila Espanca: Stonehenge Americano: Instruções monumentais para o pós-apocalipse Parte I

Stonehenge Americano: Instruções monumentais para o pós-apocalipse Parte I

As Pedras-Guia da Geórgia podem ser o monumento mais enigmático nos EUA: grandes lajes de granito, inscritas com indicações para reconstruir a civilização após o apocalipse. Só um homem sabe quem mandou erigir a obra e ele não está na disposição de falar.  Foto: Dan Winters

O monumento mais estranho nos Estados Unidos da América ergue-se sobre uma colina árida no nordeste da Geórgia. Cinco lajes maciças de granito polido erigidas acima da terra num padrão de estrela. As rochas medem cada uma 16 metros de altura, com quatro delas pesando mais de 20 toneladas cada. Juntas, elas suportam uma pedra de capeamento com mais de 11 toneladas. Aproximando-se do monumento, é difícil não pensar imediatamente em Stonehenge na Inglaterra ou eventualmente, no monólito sinistro do filme 2001: Uma Odisséia no Espaço. Construído em 1980, estas pedras cinzentas pálidas estão calmamente à espera do fim do mundo como nós o conhecemos.


Conhecido como Pedras-Guia da Geórgia (Georgia Guidestones), o monumento é um mistério que ninguém sabe exactamente quem o encomendou ou porquê. As únicas pistas sobre sua origem estão numa placa junto ao chão que descreve as dimensões e explica uma série de entalhes intrincados e buracos que correspondem aos movimentos do sol e estrelas e os respectivos manuais de instrucção directamente esculpidos na rochas. Essas instruções surgem em oito idiomas que variam do Inglês ao Swahili e reflectem uma peculiar ideologia da Nova Ordem Mundial. Alguns são vagamente eugénicos (ORIENTEM A REPRODUÇÃO COM SABEDORIA-MELHOREM A FORMA FÍSICA E DIVERSIDADE "GUIDE REPRODUCTION WISELY—IMPROVING FITNESS AND DIVERSITY"), outros prescrevem padrões misticos hippie (premeiemPREMEEAM A VERDADE - BELEZA - AMOR - PROCUREM HARMONIA COM O INFINITO "PRIZE TRUTH—BEAUTY—LOVE—SEEKING HARMONY WITH THE INFINITE").

O que é mais amplamente aceite com base nas evidências disponíveis, é que as Pedras Guia são destinadas a instruir os sobreviventes atordoados de algum apocalipse iminente, na tentativa de reconstituir a civilização. Nem todas as pessoas sentem-se confortáveis com essa noção. Poucos dias antes da minha visita as pedras tinham sido salpicadas com poliuretano e vandalizadas com graffiti, incluindo slogans como "Morte à nova ordem mundial". Esta destruição foi o primeiro acto grave de vandalismo na história das Pedras Guia, mas dificilmente seria a primeira objeção à sua existência. Na verdade, há mais de três décadas esta estrutura estranha no coração do Cinturão Bíblico tem gerado reacções que vão de encantamento ao horror. Os notáveis apoiantes da causa (​​entre eles Yoko Ono) elogiaram as mensagens como uma chamada de atenção para o pensamento racional, semelhante ao trabalho de Thomas Paine: A Idade da Razão. Os opositores rapidamente apelidaram as pedras como os Dez Mandamentos do Anticristo.

Quem quer que tenham sido os arquitetos anónimos das Pedras Guia, eles sabiam o que estavam a fazer: O monumento é uma estrutura de alta engenharia projetado para rastrear o Sol. A Construcção também conseguem gerar fascínio sem fim, graças a uma aura de mistério cuidadosamente orquestrada. E as pedras têm atraído muitos devotos para se defender contra as pessoas que gostariam que fossem destruídas. Claramente, quem colocou aqui o monumento tinha compreendido algo muito bem: as pessoas valorizam muito o que não entendem, pelo menos tanto quanto como o que compreendem.

A História das Pedras Guias da Geórgia começou numa tarde de sexta-feira em Junho de 1979, quando um elegante cavalheiro de cabelos grisalhos surgiu em Elbert County, deslocou-se até aos escritórios da Elberton Granite Finishing, e apresentou-se como Robert C. Christian. Ele afirmava representar "um pequeno grupo de leais norte-americanos" que estavam a planear a construção de um invulgarmente grande e complexo monumento de pedra. Christian tinha chegado a Elberton -sede de concelho e capital mundial do granito, porque ele acreditava que as pedreiras locais produziam a melhor pedra no planeta.

Joe Fendley, presidente da Elberton Granite acenou com a cabeça, distraído com a pressa em completar sua folha de pagamento semanal. Mas quando Christian começou a descrever o monumento que ele tinha em mente, Fendley parou o que estava a fazer. Não só foi o homem pedindo pedras maiores do que qualquer que tinha sido extraído no município, ele também queria cortar , acabado, e montados em uma espécie de enorme instrumento astronômico .

Mas qual a finalidade de uma coisa destas? Perguntou Fendley. Christian explicou que a estrutura que ele tinha em mente serviria como bússola, calendário e relógio. Também teria de ser gravado com um conjunto de guias escritos em oito dos principais idiomas do mundo. E a estrutura tinha que ser capaz de suportar os eventos mais catastróficos, de modo que os restos despedaçados da humanidade seriam capazes de usar esses guias para restabelecer uma civilização melhor do que aquela que acabou de se destruir.
PRECISÃO MONUMENTAL Construído para sobreviver ao apocalipse, as Pedras Guia da Geórgia não são apenas instruções para o futuro, o maciço de granito também funciona como um relógio, calendário e bússola. Illustração Original: Steve Sanford

  1. O monumento fica no ponto mais alto de Elbert County e está orientado para controlar a migração leste-oeste durante todo o ano solar.
  2. Num equinócio ou solstício, os visitantes que estão no lado oeste da "caixa do correio" são posicionados para ver o nascer do sol no horizonte.
  3. Um buraco ao nível dos olhos perfurado na pedra apoio central permite aos astrónomos do lado sul localizar Polaris, a Estrela do Norte.
  4. Um buraco perfurado na pedra de capeamento com 2,22 centimetros de diâmetro concentra um raio de sol na coluna central e ao meio-dia aponta o dia do ano.
Legenda: Erik Malinowski


Foto: Sir Mildred Pierce/flickr
Fendley já faleceu, mas logo após a construcção das Pedras Guia, uma repórter de televisão de Atlanta perguntou o que ele tinha pensando quando ouviu pela primeira vez o plano de Christian . "Eu só conseguia pensar, 'eu tenho um maluco no meu gabinete. Como é que eu vou tirá-lo daqui? '", Disse Fendley . "Tentei desencorajá-lo citando-lhe um preço várias vezes superior do que para qualquer projeto encomendado até á data. O trabalho exige ferramentas especiais, equipamentos pesados ​​e consultores pagos" Fendley explicou. Mas Christian apenas acenou com a cabeça e perguntou quanto tempo iria demorar a obra. Fendley não sabia ao certo e sugeriu que seriam pelo menos seis meses. Ele não seria capaz de sequer considerar tal empreendimento acrescentou, até poder dar uma estimativa razoável do preço. Quando Christian perguntou se havia um banqueiro na cidade que ele considera-se digno de confiança, Fendley viu a sua oportunidade de despachar o estranho homem e aconselhou a procurar Wyatt Martin , presidente da Granite City Bank.

O Alto e cortês Martin- o único homem em Elberton além de Fendley conhecido por ter privado com RC Christian cara a cara tem agora 82 anos. "Fendley ligou-me e disse: 'Um maluco que me apareceu aqui quer uma monumento delirante", diz Martin. " Mas quando esse 'maluco' me apareceu que ele usava um elegante e caríssimo fato, o que me fez levá-lo um pouco mais a sério. E ele falava muito bem obviamente, uma pessoa educada." Martin foi naturalmente surpreendido quando o homem lhe disse directamente que RC Christian era um pseudónimo. Ele acrescentou que o grupo que representava estava a planear isto secretamente há 20 anos e queria manter o anonimato para sempre." E quando ele me disse quem ele era na realidade e o que este grupo queria fazer, eu quase cai", diz Martin. "Eu respondi-lhe: ' Eu acredito que seria mais sensato para sí pegar no dinheiro, sair daqui e enfiá-lo na sarjeta. Ele olhou-me de soslaio e abanou a cabeça, como se estivesse triste por mim, e disse: 'Você não entende."

Foto por: The Rocketeer/flickr
Martin levou Christian para a praça principal, onde a cidade tinha encomendado uma imponente Fonte Memorial, que incluía um anel de 13 painéis de granito cada um cerca de 2 por 3 metros, simbolizando as colónias originais. "Eu disse a ele que era o maior empreendimento jamais mandado erigir por aqui, e que mesmo assim não era nada comparado com o que ele pedia", diz Martin. "Isso não pareceu incomodá-lo em nada." Prometendo voltar na segunda-feira, o homem saiu para fretar um avião e aferir as condições do local por via aérea." A partir dai eu quase que acreditava nele" diz Martin.

Quando Christian voltou ao banco na segunda-feira, Martin explicou que não poderia continuar a não ser que ele pudesse verificar a verdadeira identidade do homem e "ter alguma garantia de que você poderá pagar a obra." Eventualmente, os dois negociaram um acordo: Christian iria revelar seu nome real na condição de Martin prometer agir como o seu único intermediário, assinaram um acordo de confidencialidade comprometendo-se a nunca divulgar as informações para outra alma viva, e concorda em destruir todos os documentos e registos relacionados com o projecto, quando for concluído. "Ele disse-me que ia enviar o dinheiro a partir de diferentes bancos em todo o país" diz Martin, "porque ele queria ter certeza de que não poderia ser rastreado. Ele deixou bem claro que era extremamente sério sobre o sigilo."

Antes de abandonar a cidade, Christian encontrou-se novamente com Fendley e apresentou ao empreiteiro, uma caixa de sapatos contendo um modelo em madeira do monumento que ele pretendia, acompanhado de 10 ou mais páginas de especificações detalhadas. Fendley aceitou o modelo e instruções, mas permaneceu céptico até que Martin ligou na sexta-feira seguinte para dizer que ele tinha acabado de receber um depósito de US $10.000. Depois disso, Fendley parou com as perguntas e começou a trabalhar. " O meu Pai adorava um desafio" diz a filha de Fendley, Melissa Fendley Caruso "e ele disse que isto era o projeto mais desafiador na história de Elbert County."

Foto: The Rocketeer/flickr
A Construção das Pedras Guia seguiu o seu curso até ao fim do verão. A empresa de Fendley documentou exaustivamente o progresso do trabalho em centenas de fotografias. Martelos pneumáticos foram utilizados para arrancar 35 metros de rocha da Pedreira Pyramid, em busca de pedaços de granito grandes o suficiente para produzir as pedras finais. Fendley e sua equipe prenderam a respiração quando a primeira laje de 28 toneladas foi levantada para a superfície, e perguntaram-se se as suas gruas iriam vergar sob o peso. Um maçarico especial (essencialmente um motor de foguete adaptado para cortar e moldar grandes blocos de granito) foi transportado para Elberton para talhar as pedras, e um par de pedreiros mestres foram contratados para alisá-las.

Fendley e Martin ajudaram Christian a encontrar um local adequado para as Pedras Guia em Elbert County: no topo achatado de uma colina que se situava acima das pastagens da Double 7 Farms, com vista para todas as direções. Por US $5.000, o proprietário Wayne Mullinex acedeu ceder lote de 5 hectares . Além do pagamento, Christian concedeu direitos até ao fim dos seus dias, para a pastagem do gado de Mullinex e dos seus filhos, e em contrapratida a empresa de construção Mullinex teria que estabelecer a base para as Pedras Guia
.
Com a compra da terra , o futuro das Pedras Guia ficou selado. Christian disse adeus a Fendley no escritório da empresa de granito, acrescentando: "Você nunca mais me vai ver de novo." Christian , em seguida, virou-se e saiu pela porta , sem sequer um aperto de mão.

FIM DA PRIMEIRA PARTE

Fonte: Wired
Texto Original: Randall Sullivan
Tradução: David Inácio







0 comentários:

 

Arquivo

LIKE BOX

Contador

Filosofia

Sempre a espancar desde 2006, Representamos o espírito inconformado da Velha Guarda de Vila Franca de Xira que permanece por gerações. Somos Independentes e Regionalistas, Somos o eco dos tempos de glória, Somos a tua voz
“Se há característica irritante em boa parte do povo português é a sua constante necessidade de denegrir e menosprezar o que é feito dentro de portas. Somos uma nação convicta de que nada de bom pode sair da imaginação do português comum e que apenas o que nos chega do exterior é válido e interessante.”